Friday, February 12, 2010

Resoluções

Acho que não tem remédio. Se visses isto provavelmente dirias "Porque é que teria de ter remédio?", como se tudo estivesse como é suposto e não nos restasse mais do que aceitar. E se calhar é mesmo assim. Aceitar que não tem remédio e mesmo assim seguir a vida, como se nada disto nos afectasse. Me afectasse. Olha, já não sei.
No outro dia estava, como habitualmente, num qualquer transporte público no meu roteiro automático, a ouvir música. Uma música especificamente acordou-me do meu torpor, apenas para me mandar para outro torpor, para aquele universo que nós conhecemos, onde as estrelas brilham e não há mais nada... As notas tristes da guitarra portuguesa quase ditavam o bater do meu coração, lembrei-me logo de ti. Por momentos, o alvoroço da Lisboa metropolitana desapareceu e vi-te à minha frente a cantar. Ah, um leve sorriso até ouvir o "bip" do passe e voltar à realidade.
Como bateu a saudade... A nostalgia... Mas, mais do que isso, a desilusão do esquecimento. Enfim, é aceitar e seguir, não é?
Não vou negar que dói um pouco, pensar que o tudo é pó que o vento leva e dispersa, transforma em nada. Mesmo assim, só peço paz de espírito. A paz que chega de cada nota desordenada de um piano, diluindo a amargura, até ser água límpida e pura. Cada estrondo apaixonado sacudindo-me a poeira... Uma experiência extra-corporal, aceitar e seguir...

1 Comments:

Anonymous Anonymous whispered...

Aceitar e seguir é, muitas vezes, a melhor coisa a fazer. Para não ficarmos presos a um passado que já não é, ou que nunca chegou a ser.

Um abracinho muito grande para ti! :D

5:33 PM  

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