Tuesday, July 29, 2008

Pôr-do-Sol

Vejo-te partir, como o Sol que se põe diante dos meus olhos, escondendo a sua luz, as montanhas roubando o seu calor. Algo longínquo te puxou e te levou daqui. Deixou-me sozinha e fria, olhando para os tons quentes no horizonte, desvanecendo...
Demasiado tempo te olhei. Demasiado tempo contemplei e meditei. Demasiado tempo o pensamento oprimiu o impulso, um transe que me desarmou e me abandonou na dúvida, na fantasia e no medo.
Sim, foste o Sol numa manhã de Verão, chamando por mim, chamando, chamando docemente, sussurrando raios de luz ao meu ouvido. O Sol que aqueceu e se tornou forte no pico do meio-dia. E eu tive medo.
Foste a leve brisa que acariciou os meus cabelos e fê-los dançar no ar. A leve brisa que me beijou a face e me confortou. Mas eu tive medo.
Agora o Sol põe-se atrás das montanhas e está frio, e tu partes. Quando abro os olhos e olho para ti, não te encontro mais. O Sol põe-se, sim. Algo te puxou e te levou. Onde estás agora, amor? Quero procurar-te, para lá das montanhas. Quero sentir o teu toque e o teu abraço, banhar-me na luz do teu sorriso, que é só para mim...
A noite já caiu e a Lua está morta. Há um vento violento que me ataca e me faz cair no chão, fraca e despida, com o coração nas mãos.
Só o som do mar prevalece e apenas as sombras das ondas se distinguem no escuro. Palavras de água beijam-me os pés, fazem-me sentir segura, melodia das lágrimas que não chorei...