Friday, August 14, 2009

Um abraço de brisa

Sinto a maresia beijar-me o rosto, suavemente, como uma carícia de ti, que imagino ao olhar este mar... Mar cantando, embalando-me com a sua voz, docemente, ao sabor das ondas... Ondas que espumam e desmaiam na areia, um gemido distante... Espuma branca, confunde-se com as vestes que me cobrem, dançam ao vento chamando por ti... Chamando por ti...
Sinto-te longe e perto, paradoxo angustiante.
Porque chega sempre o verão? Porque me queima o sol a pele, revela as marcas que me deixaste no coração, denuncia a tua ausência uma vez mais? Não quero relembrar que não estás aqui... Não quero. Incute na minha alma um desejo doloroso, desejo de te encontrar, perdido na praia, na esperança que me estivesses também a procurar pelas areias... Procurar-me-ias?
O vento suspira ao meu ouvido, coisas que não entendo. Sob o luar o mar brilha como mil pedras preciosas; ali estás, longínquo, de costas viradas, enfrentando o horizonte de breu. E não te consigo tocar, não te consigo alcançar... Nunca. Não sozinha.

Aperta cá dentro...

Respira o ar salgado, sente-o na pele... O reflexo argênteo da lua no teu vestido, envolvida num abraço de brisa... Hoje é o dia. Adeus.