Sunday, November 09, 2008

Perda de mim

Mais uma folha rasgada. O silêncio paira à minha volta, como humidade fria e pesada. Não há qualquer som neste local abandonado, nem um riso, nem um choro, nem o vento a passar entre as folhas.
Não há palavras que brotem da terra seca e a vida que crepita à superfície não penetra até aqui.

Neguei, rejeitei, e só quando partiste senti a verdadeira perda. Quando partiste... a minha alma calou-se... Fechou-se... Não sei quem sou, o que sou, por que sou. Foste e levaste contigo a minha poesia; o meu caminho é-me indistinto.
Neste completo torpor, apenas espero poder ouvir a chuva cair e descobrir que não me é indiferente... E sentir que me abraça e me aquece e me limpa.
Pois tudo o que mais quero é sentir-te meu de novo, lembrando-me enfim que o meu coração também bate, também chora, também ama.