O Luar lá fora
É engraçado quando tudo acaba, só restam as lágrimas, o rancor, a tristeza e os uivos dos lobos para o luar, tão lindo lá fora. Mas já que tudo acabou, para quê olhar para o luar lá fora? Será quando perdemos tudo que vamos dar valor às coisas mais bonitas e simples da vida: o verde das folhas ao sol, o cheiro intenso, suave, do mar a bater nos pés, talvez o cantar dum pássaro, o rio a correr alegremente (desprezando a nossa desgraça pessoal, quem ele pensa que é?), o luar lá fora! Mas não, nós somos muito mais importantes e o nosso mal é muito maior que toda a alegria e toda a vida do mundo. Nada faz sentido. Concentramo-nos na nossa própria dor, corroemo-nos quase como masoquistas, chorando, berrando, assoando o pobre triste nariz.
Nada que acabe realmente é suposto prevalecer, ou então teria prevalecido. Se é para continuar, não acabou, continuará com certeza noutra altura, mais propícia à continuação. Não que esteja a dizer que estamos confinados ao Destino e dele não podemos fugir, nada disso! Só que o que é nosso é para nós e ninguém nos tira, o que já era nosso antes de o sabermos.
Mas quem é que pensa numa coisa destas quando tudo acaba? Só nos apetece juntarmo-nos aos lobos que uivam, uivando em uníssono para o luar: uivo de tristeza e melancolia, de mais umas tantas coisas parecidas. Esperamos que o luar chore as nossas mágoas, solidário com a miséria do ser.
E se, à janela, nos víssemos chorando e uivando com seres sem razão, praguejando a traiçoeira pêga, que é a vida, banhados pelo mesmo luar, quase ele mesmo lamentando a nossa sorte?
Ridículo.
Nada que acabe realmente é suposto prevalecer, ou então teria prevalecido. Se é para continuar, não acabou, continuará com certeza noutra altura, mais propícia à continuação. Não que esteja a dizer que estamos confinados ao Destino e dele não podemos fugir, nada disso! Só que o que é nosso é para nós e ninguém nos tira, o que já era nosso antes de o sabermos.
Mas quem é que pensa numa coisa destas quando tudo acaba? Só nos apetece juntarmo-nos aos lobos que uivam, uivando em uníssono para o luar: uivo de tristeza e melancolia, de mais umas tantas coisas parecidas. Esperamos que o luar chore as nossas mágoas, solidário com a miséria do ser.
E se, à janela, nos víssemos chorando e uivando com seres sem razão, praguejando a traiçoeira pêga, que é a vida, banhados pelo mesmo luar, quase ele mesmo lamentando a nossa sorte?
Ridículo.