Saturday, March 03, 2007

Terra de desolação

Oiço, longínquas, as palavras sussurradas. Murmúrios doces, suspirados com ternura. Mas... tão longe... Não consigo ver quem fala, está tudo escuro...!

Aproximo-me da janela fitando a rua movimentada. Nada na minha cabeça se parece juntar +ara fazer algum sentido. Não me consigo expressar para dizer o sinto. Porque, na verdade, não sinto nada. É um vazio pesado o que ocupa a minha alma. Pesa-me no peito e faz o meu corpo chorar.
Não vejo carros, nem prédios, nem pessoas... Estou a correr, a fugir deste lugar, mas tudo o que vejo é uma paisagem morta. Lagos gelados, árvores despidas, nem um sinal de vida nesta terra de lamento, coberta de translúcido véu de uma solidão insípida e dormente...
Quero sair daqui... Quero um sol que dissipe estas nuvens carregadas do meu mundo, que me aqueça de novo...
Toca-me, aperta a minha mão contra o teu peito, Sol...! Ajuda-me a voltar a ser... alguém...!

Do meu canto escuro vejo o meu reflexo no espelho. Porque chora o meu reflexo?...

Suave leve brisa
Agita docemente os meus cabelos.
Chega e passa.
Não era a mim que ela queria beijar.