Monday, July 27, 2009

Não posso mais do que suspirar...

Estava no carro, no lugar do pendura, a voltar de um dia de praia com uma amiga. Conversávamos sobre muitas coisas, mania de mulheres, talvez, sempre na tagarelice...!
Quando dei por mim, falava de ti, contava a nossa história... E ao contar, foi como se a revivesse por alguns momentos, cada passo. Como nos conhecemos, o que dissemos um ao outro, a intensidade de um olhar, a segurança de um sentimento que vale o que vale por si só, sem qualquer incentivo ou artifício. Essa segurança continua a ser a única certeza que levo dentro de mim. Acalma-me.
Quando finalmente voltava para casa, agora sozinha no meu carro, perdia-me nos pensamentos de ti ao sabor da condução. Que estarás tu a fazer agora? Por onde viaja a tua mente? O que desejas, o que sentes?
Numa curva, olhei o poente... O sol já se tinha escondido no horizonte, o céu pintado de laranja, rosa e azul, a silhueta negra dos prédios e as luzes da cidade a brilhar timidamente: um glorioso espectáculo que me fez sorrir.
Imaginei-te ao meu lado, olhando as cores também, sorrindo. Aquecendo-me o peito com a tua presença apenas. Imaginei os teus olhos nos meus, daquela maneira que só tu e eu compreendemos...
Não posso mais do que suspirar perante este cenário... E esperar que um dia o mito se torne realidade.

Thursday, July 02, 2009

Cinzas

É esta inquietude que me assola, por vezes, e me faz parar por momentos. Como se um arrepio gelasse as articulações, as tornasse imóveis. E o coração saltasse um batimento.
A vida é tão curta, passa por nós de relance, um reflexo de sol na janela, encandeia-nos e desvanece; escapa-se por entre os dedos...
O que estou aqui a fazer, afinal? Mera espectadora, quando pensei ser actriz principal.
Quero ver, caminhar, ouvir, saborear, cheirar, interpretar, sentir o mundo em pleno! Quero tudo isto de mente aberta, alma lavada, purgada, pelo menos um vestígio da luz há muito perdida... Será ainda possível? Se ao menos tivesse coragem, me tornasse eu própria mudança e renascimento, ao invés de esperar que eles cheguem até mim um dia... Apenas cinzas, na verdade. Cobarde...
A culpa, o medo, a vergonha... Um hábito que carrego mas pareço nem sentir, sobre as lágrimas que não se vêem, o grito calado que não soa nunca. Como eu queria poder gritar... Abrir o peito e gritar gritar gritar!... Porque não sai, nada disto sai de mim! Não sai, não sai!!!
Se sou tão inútil e irrelevante, para quê lutar para depois desistir? A dor quando nos largam no meio do deserto... O melhor seria nunca me terem salvo.

Shh... Encosta-te a mim... Já passou... Eu estou aqui... E não vou a lado nenhum... Porque tu importas... Porque eu te amo.