É uma inquietação turbulenta aqui dentro. Uma paz que é inquieta e procura incessantemente um estímulo pacificador da mesma paz que borbulha e não pára um segundo. Vejo-a nessa enorme Lua, ascendendo por trás do monte diante dos meus olhos, como se estivesse já aqui, à distância de um braço e a pudesse tocar. Se tocasse, penso que seria fria. Mas não desinteressantemente fria; alegremente fria e muda. Uma orquestra suave irrompendo do seu núcleo, parando apenas pouco antes da sua crosta, coberta de pó prateado. Esse luar que ilumina os meus olhos, propagando a sua música como ondas de rádio agitando a máquina interior e pacificando a paz por intermédio do quase-eriçar dos pêlos, pouquíssimo antes da camada córnea da pele, coberta de absolutamente nada.
Onde está o mar que murmura aos meus ouvidos? As ondas cantando, afagando-me no adormecer - não existe, eu sei. Oiço os seus murmúrios, sinto as suas carícias tão vividamente como sentiria o frio do pó prateado da grande Lua, só que não existe. Tal como o sentido último da vida - não a minha, a de todos e tudo - não existe. Só um pensamento. Que não serve para nada, nem tem nenhum propósito. Ainda assim tenho-o e creio nele. Como no mar que não vejo e na Lua que alcanço e nesta paz que não pára quieta.
Onde está o mar que murmura aos meus ouvidos? As ondas cantando, afagando-me no adormecer - não existe, eu sei. Oiço os seus murmúrios, sinto as suas carícias tão vividamente como sentiria o frio do pó prateado da grande Lua, só que não existe. Tal como o sentido último da vida - não a minha, a de todos e tudo - não existe. Só um pensamento. Que não serve para nada, nem tem nenhum propósito. Ainda assim tenho-o e creio nele. Como no mar que não vejo e na Lua que alcanço e nesta paz que não pára quieta.